Blue Eyes IV

29 julho 2006




















SENHOR
lisieux

Tu és, Senhor errante, dos meus passos
o guia pelas sendas desta vida
e confiante, aninhada em teus abraços,
sinto-me em paz, feliz e protegida

Eu me escravizo... em tudo, eu te pertenço!
E a ti me dou sem nada te negar...
Sou teu perfume, o teu suave incenso
sou sacrifício vivo em teu altar.

E amo os meus grilhões! A liberdade
não quero nem preciso... E na verdade
faço questão de ser tua prisioneira...

Sem o ti o verso não tem mais sentido
por isso eu quero estar, Senhor querido,
ao lado teu por minha vida inteira.

BH – 29.07.06

28 julho 2006

POEMAS PARA MIM MESMA II














lisieux

Cala-te, poeta!
Recolhe tuas frágeis palavras
tuas rimas prediletas
tuas rosas, os teus cheiros,
teus perfumes
e todo o azedume
da falta de carinho.

Ajunta os teus versos
e inversos sentimentos
reverso do universo
utópico e sedento
de tua alma ávida de ninho.

Cala-te, poeta!
Rasga tuas páginas
projetos rabiscados
ou guarda na gaveta
e nunca mais refaças
teus versos deivarados
- devorem-nos as traças! -

Cala-te, poeta...
Agora! De uma vez!

Acorda da utopia
e escorre a tua mágoa
apenas no silêncio
dos olhos rasos d'água
na dor desmesurada
dos pobres passarinhos...

Cala-te! Teu verso silencia
no canto mais profundo
do peito em agonia
na dor descomunal.
Porque isso era fatal...
já se sabia...
Enterra o teu desejo de mulher!
pois "neste mundo,
(o ‘teu’ poeta já dizia)
"eles não sabem do amor,
uma lágrima sequer". *

BH - 27.07.06
* verso de Thalma Tavares, um dos mais LINDOS que já li.

Engraçada a vida... Achei que nunca mais faria um poema "pra mim mesma", porque havia conseguido, ao longo do tempo, deixar fluir a minha poesia de uma forma mais livre e menos visceral. No entanto percebo, de novo, que poesia é mesmo entranhas e só diz de verdade a verdade a quem a escreve. Pode até atingir os leitores. Pode emocionar, pode fazer chorar, pode fazer com que o leitor se identifique. Mas O QUE se quis mesmo dizer, o âmago do poema, o jorrar do sangue, só o poeta o sabe. Enfim... mais um momento íntimo... que, apesar de eu saber que nem todos apreenderão, compartilho.

19 julho 2006



Trovadores são conchinhas
espalhadas pela areia
suas rimas, simplezinhas
do coração, são candeias.
Lisieux












De Eire para Lisieux

“Do coração, são candeias”.
Os versos do trovador,
Que nos livram dessas peias
Que nos atam a uma dor...

Mas quando da Trovadora
Trazendo gosto de anis,
Aposto que a sedutora
Outra não é senão Lis...

“Ouvir conchinhas do mar”!
Viste que bela expressão?
A poeta nos faz sonhar
Sonhos de pura emoção.

Obrigada minha amiga
Por me dar tanto prazer
Com seu verso, uma cantiga
Que me faz sorrir, viver!

Jacaraípe, Serra, Espírito Santo, 19/07/2006.

Gente... parece que resolveram, os meus amados amigos poetas, mimar-me a toda hora! Coisa linda, Eire, querida! Adorei demais as tuas trovas! Meu carinho.

18 julho 2006




















LISIEUX
Thalma Tavares

Teu verso, quase sempre um desafogo,
é triste às vezes e outras hedonista.
É bem urdido e lembra um velho jogo,
no qual quem perde é quem melhor conquista.

Há sempre em teus poemas água e fogo,
sensualidade e sonho idealista.
Em teus motivos lembras Dom Diogo,
a lutar contra o ranço moralista.

Mas tu ficas por trás de teus poemas,
esgrimindo sozinha teus dilemas...
E só quem te ama é quem de fato os vê.

Eu decifro os eflúvios de tua alma.
Por isso o coração mantenho em calma
porque não há quem vença Lisieux!

São Simão – SP – 16/07/2006

Não poderia deixar de postar, orgulhosamente, esta homenagem do meu querido amigo trovador, poeta pra lá de bom. Thalma é pernambucano e mora em São Simão, SP.

14 julho 2006




















MULTIDIRECIONAL
lisieux


Caminhei por terras de ninguém, perdida,
à procura de respostas, metas, planos,
fui seduzida por fatais enganos
e me embrenhei nas selvas
dessa vida...

Despi do rosto as máscaras do engano,
vesti roupagens de novas esperanças,
levei no coração muitas lembranças
e aprendi a superar
o desengano...

Abri porteiras, desvendei caminhos;
colhi da vida as flores e os espinhos
e aprendi a me afastar
do mal...

E através da minha alma de poeta
eu consegui tornar-me assim, completa
e ter o olhar
multidirecional.

BH - 20.06.06
18h24m

05 julho 2006















ALTERNÂNCIAS
lisieux

Ora sou água, ora fogo ardente;
ora sou brisa, ora vento forte;
ora me mostro, estrela reluzente,
ora me escondo, sou temor da morte.

Um dia sou alegre; noutro, triste.
Um dia sou espera; noutro, encontro.
Um dia sou muralha que resiste,
no outro, abro a guarda, entrego o ponto.

De tardezinha, sou canção de despedida,
que faz perder o rumo, que seduz...
De madrugada eu sou porto, sou guarida,
sou a estrela do Oriente, que conduz.

Às vezes eu me perco... outras me acho;
às vezes eu odeio... e outras, amo;
às vezes as angústias eu despacho
e outras eu me entrego e não reclamo.

Assim eu vivo, nessas alternâncias,
Um dia muito bem, no outro mal.
Pois sou feita de extremos, discrepâncias,
sou humana, vou volúvel, sou dual.

BH - 05.07.06